terça-feira, 11 de outubro de 2011

Ela escreveu mais uma vez ...desabafou e não chorou mais.

Preciso dizer tudo. Mas tudo é uma série de coisas que vão me ocorrendo muito rápido e nem meus dedinhos bem treinados pelas horas á fio postando no blog, conseguem acompanhar. Mas a sensação é sempre a mesma - quando não piora. Pior que a pior das culpas, mais doído que ver Cidade Alerta*. Vontade de que tudo se encha d'água à minha volta, como no (não) suicídio da Laura Brown*. Vontade de - como um colega definiu maravilhosamente bem - explodir em mil pedacinhos, o que é mais que vontade de simplesmente sumir. É um desejo profundo de deixar de existir, mas isso não significa vontade de morrer. Dura um instante apenas, ou vários deles repetidamente, mas prometo que é bem rápido.
Isso que se instalou no peito é uma vontade de dizer o que já foi dito milhões de vezes. Mas não adianta dizer, parece, porque nada se resolve. Dizer cansa quem diz e cansa quem ouve e, embora o silêncio não seja a decisão mais sábia, é a mais fácil. Fica só esse nó entalado na garganta, tão apertado que é quase impossível dar bom dia à vizinha mais simpática. Posso viver com isso, acho.
E os olhos, ah, parece que tem uma sombra azul payot em cima deles. Não é o suficiente para cegar, mas é o bastante para tornar tudo turvo, turbulento e doloroso o suficiente para querer esquecer. Esse líquido grosso que está ao redor dos olhos é igual ao da culpa, e acho que é porque já não desce mais nada deles. Não que isso seja exatamente um problema, nunca fui dada a esse tipo de coisa.
Durante a semana, nós éramos Imortais.
Durante a semana, nós existimos... mas eu odeio isso, ah eu odeio!
Vida que segue.
*cidade alerta = aquela tragédia toda transmitida e comentada pelo querido Datena.
*Laura Brown = personagem do filme As horas