terça-feira, 31 de julho de 2012

Filha da Digna



Assisti à reunião da escola preocupada com a hora. A gerente já avisou sobre os meus atrasos. Ainda tenho que chegar em casa, tomar banho e viajar durante duas horas até o trabalho. Mas não deixo de ir às reuniões. A escola me emociona. Principalmente quando falam da minha filha.

Nunca esqueço de como foi difícil reconquistar a guarda de Mariana, das coisas que ouvi na audiência, da vigilância até hoje, com visitas da assistente social e entrevistas no fórum. Cheguei a ficar sem ela por mais de um mês depois de tudo que inventaram sobre mim.

Assim que Mariana nasceu, tentei trabalhar como doméstica. Chegaram a me aceitar, mas não durou uma semana. Além do choro, que irritava a patroa, eu não conseguia completar as tarefas, tinha de amamentar e cuidar do bebê.

Além da juras de amor e das promessas de antes, o pai de Mariana nunca deu nada. Tinha mulher, filhos e uma militância religiosa que não podia ser manchada por filhos fora do casamento. No início pediu silêncio e prometeu ajuda material, desde que fosse em segredo. Durante três anos vivemos de doações porque a ajuda não chegava ou era insuficiente. Como eu telefonava pedindo ajuda, ele passou às ameaças e chegou a me agredir.

Com o escândalo, não havia mais aparências morais ou religiosas a proteger e o distinto mas vingativo senhor resolveu me tirar a filha. Uma farsa foi montada com depoimentos de várias pessoas que garantiram meu envolvimento com drogas e a presença de pessoas suspeitas na minha casa. Mariana, aos berros, foi entregue ao pai na sala de audiência.

Eu quis me matar mas não deixaram. Vivi de choro, calmantes e crises por um mês. Mariana também chorava, não falava e não comia. Depois não abria mais os olhos. O pai levou ao médico, que disse que ela ia morrer se continuasse assim. Ele voltou ao fórum e desdisse as mentiras. Fui chamada e me devolveram Mariana.

A pensão era uma miserável parcela de um miserável salário-mínimo, que foi quanto o pai disse que ganhava. A comida acabava ainda no início do mês. Foi quando vi o anúncio no jornal. Desconfiei do anúncio — muito dinheiro. Desconfiei, mas fui.

Não posso reclamar do trabalho. Agora Mariana não passa mais fome, tem roupa, tem escola e um sorriso lindo. Ruim é a gerente. Ela não trabalha mais, só manda. Parece que nunca trabalhou, persegue as meninas, e multa. Qualquer atraso nosso ou reclamação de cliente, é multa. Alguns clientes não são ruins. Conversam e me tratam como gente.

No trabalho tenho outro nome — um nome de trabalho. Não. Não foi isso que sonhei. Eu queria ser professora. Mas minha filha vai ser.

domingo, 22 de julho de 2012

Virou a esquina

Eles se despediam, sabiam que ali era o ponto final da relação, não houve gritos, não houve briga, e as cobranças são inevitáveis, mas até essas, já não existiam.

Ele olhou pra ela no fundo dos olhos e disse:
-Você confia em mim?
Ela sem titubear respondeu:
- sim!
E ele pediu:
- feche os olhos!
Ela fechou, ele então a beijou na testa. e seguiu, virando a esquina.
Era o fim de dois.
E o começo de cada um.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Meu futuro no futuro

E voar não será só um sonho de criança...o amor me tirará do chão...


...Quero coisas puras e simples. Uma hortinha caseira, um marido apaixonado ... Uma comunidade carente que eu possa liderar estar á frente , livros e literatura. E um salário que dê para levar a vida sem preocupações e ostentações. Quero para mim a feliz rotina de arrumar a casa, trabalhar , regar as plantas, temperar o almoço e escrever. Depois à noite, perfumar o corpo e deitar de novo com o amante de todo dia. E um dia, gerar no ventre os filhos desse amor rotineiro. E vê-los crescendo felizes. E levá-los para passear aos domingos, na casa dos avós. Cuidar da minha garotinha com zelo, e do meu menino com carinho.

Quero participar das reuniões familiares, encontrar parentes distantes, rever primos queridos, comer frango assado com arroz e devorar doces caseiros. Estranhar a barulheira das crianças e me emocionar com as histórias dos mais velhos. E ao findar das tardes, discutir sobre os prazeres proibidos, na rodinha das mulheres casadas. E sorrir gostosamente uma cumplicidade comigo mesma, uma certeza de ter prazer na vida. Quero me surpreender com coisas poucas, um sorriso, uma rosa, uma palavra. Quero descobrir a vida todo dia. De vez em quando eu quero coisas tão puras, tão doces, tão simples; o mundo todo reside dentro de mim. Isso me assusta. Porque ser feliz é simples e eu sei...

terça-feira, 17 de julho de 2012

Cicatriz

Já doeu, agora só dá saudade, do tempo que eu sorria fácil quando falava de nós.
Hoje sei que não sou a pessoa mais recomendada   á estar do seu lado.
Eu sei que não seria bom, nem pra mim, nem pra você,
eu tou cicatrizando...o sangue não corre , está pisado, mas não quero tocar nessa ferida, deixa ela quietinha
acho que será melhor deixa-la  virar cicatriz.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

E se já não há...

por que insistir em ser?

quase que uma tolice da minha parte acreditar que as pessoas gostam de mim, a verdade clara dos fatos é...
as pessoas gostam do que posso oferecer, do que faço,  se não tenho o que oferecer ou deixo de fazer ,já
não existe mais valor, já não tem por que "gostar" de mim.

Engolir isso, é doloroso, por que sempre acreditei no ser humano, mas cada dia que passa me convenço de que isso é uma mera ilusão, e que eu deveria de verdade acreditar só em mim mesma, por que eu de fato conheço o que posso fazer em prol ou contra mim mesma.

Embora eu saiba disso hoje, que o mundo é uma incansável troca de favores, á duras penas aprendo isso com tanto desgosto, que a dor grita dentro de mim  e as lágrimas caem sem controle.
O que também não é problema de ninguém, afinal quem se importa?
A vontade de sumir, de começar á viver  um novo dia em um novo lugar é tão grande que fico desejosa de tecnologias que nos transporte com rapidez á  outra dimensão ou realidade. e eu sei isso é uma utopia.

Não existe amor ...se existe eu já não acredito mais, que tipo de amor é esse que as pessoas sentem? que machuca, que destrói, que faz perecer? que tipo de amor é esse, que ao receber o mais puro amor em troca devolve ingratidão e palavras duras? o amor mudou ? é assim que funciona agora? é assim que tem que ser?
por que sinceramente ...desse jeito não aprendi, não sei fazer,não sei ser,então é preferível não acreditar nesse novo AMOR criado pelo ser humano.

Eu estou oca, é como se nada fizesse sentido, se a finalidade da vida é só viver, acho que estou cumprindo meu papel social, mas realmente me sinto um estranho no ninho, é como se eu não fizesse mais parte de tudo que me rodeia, é como se eu fosse só alguém que já não sabe mais o que ser.

Não buscarei atenção, não vou tentar me acostumar com isso, por que acho tudo isso um enorme absurdo.
O que faz as pessoas acreditarem que podem te machucar e depois viver o dia como se nada tivesse acontecido?

Hoje estou ODIANDO as pessoas perfeitas em  seus Facebook's, as pessoas que dançam conforme essa valsa hipócrita e suja da sociedade, as pessoas insensíveis , incapazes de amar o próximo, ODEIO a felicidade de mentira, aquela que a gente finge que sente pra curar a dor, mas já aviso: não cura! um dia a casa cai, a dor se faz presente e nada mais importa.

Eu não quero mais, a lei do retorno não existe.
e se já não há...por que insistir em ser?

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Fragmento de dor (espontâneo)

Eu também falho
mas cansei de me calar , de chorar escondido, de engolir á seco, de fingir que está tudo bem, eu não consigo mais fazer isso com minha vida, por que isso acabou com boa parte do que sou,
eu me perdi de verdade
não me acho mais
de tão triste
que estou.
e a culpa é minha
por que eu agi assim
e esse foi meu maior defeito
querer sempre dar o melhor de mim.

Casual

O casual não implica em responsabilidade, em ligar no dia seguinte, em conquistar, em cativar... nada disso!
sem formalidades, naturalmente, feito bichos que a natureza nos fez.
O casual não te faz chorar, não te faz culpado, não te faz suspirar, pode te fazer gemer, transpirar, querer mais, gozar...mas não te faz suspirar.
Casualmente , muita gente se entende e isso poderia servir pra mim também... se eu não fosse uma romântica,
uma sonhadora, uma adulta que ainda comia e bebia o sonho de menina "casar, mamãe , papai e filhinha" , uma tola que não aproveita as chances de diversão e prazer da vida, uma tola que teme amar de novo, por que sabe que machuca de verdade...
O casual poderia ser pra mim, só que eu sou...só pro amor.
E no amor eu não acredito mais. 

terça-feira, 10 de julho de 2012

Bela Adormecida

Talvez seja o melhor a fazer, mas isso eu só vou saber nos próximos dias, agora...
agora com sinceridade está doendo.
Acho que se eu não pudesse escrever, sofreria muito mais,que bom que posso fazer isso,
desabafar em letras e chorar em silêncio, por que também não quero falar disso pra ninguém.
Por hora eu estou sem forças, quero só ficar quieta no meu canto, quero respirar fundo, tentar pensar 
em outras coisas, por que quem sabe assim, eu consiga ser mais forte, eu quero ser... por que Meu Deus
como dói por fim ao que não queremos ver acabar.
Então mesmo sem feitiço algum, me farei Bela Adormecida, eu vou dormir pro amor, por que não quero nenhum novo príncipe , eu só quero você e se você não pode me salvar agora... eu vou esperar que me salve lá na frente... eu vou esperar que você tenha forças pra me salvar, por que eu não tenho mais força alguma.
Agora eu vou dormir pro amor.
Por que mesmo que tudo diga : Não.
Eu ainda acredito que posso tentar mais uma vez. Mas não agora...

Só mais uma vez

Mas eu chorei tanto,
agora é esperar a hora certa, se é que existe a hora certa de dizer que não dá mais.
Eu sei, eu poderia tentar mais, eu poderia dar mais de mim, mas eu não consigo e sem forças jogo a lona, ou melhor dizendo, vou á lona, nocauteada, por um sentimento que não vai mais me fazer feliz,
pelo menos não tem me feito sorrir.
A sensação silenciosa, aquela mesmo, eu e você mudos , calados, cada qual com seus pensamentos e um tremendo abismo entre nós, e eu pedindo desculpas, perguntando se sou eu o problema, e você sempre me dizendo que não é isso, mas eu sei, também é.
A verdade é não quero mais um minuto dessa dor, por que te amo, mas isso está me matando aos poucos, e por mais que tente ignorar essa dor, ignorar esses pensamentos , não adianta mentir pra mim mesma, estou definitivamente cansada.
Você não tem paciência com a vida, com as pessoas. E comigo você não grita , não me trata mal, mas se fecha mudo, frio e eu só sei esperar as coisas melhorarem, mas as coisas , não melhoram.
E é exatamente essa falta de esperança em nós, que faz, com que eu prefira o fim de nós dois, ao fim de cada um... pois se tem algo que não quero, é que comecemos a perder a paciência, respeito,consideração que sempre existiu entre nós.
Nunca terei coragem de sacramentar esse querer, por que ele é superficial, eu te amo tanto que não me vejo dizendo: paramos por aqui.
Queria ter coragem, por que sei que seria o melhor, pra mim, pra você ...pra conservar o que foi construído até aqui, mas não, eu respiro e me calo.
Talvez meu amor ainda seja maior que minha vontade de abrir mão de nós, eu acho mesmo que não existe hora certa pra dizer que não dá mais.
Então eu vou ficar quietinha, dormir pro dia acabar logo, quem sabe amanhã com a cabeça mais fria, eu ganhe forças e nova energia, pra lutar ...só mais uma vez.

domingo, 8 de julho de 2012

Dor

dói...


choro...
sabendo que a resposta já o fim...o abismo de nós,
que ainda assim não mata o amor, mas o coloca suavemente para dormir.
é o fim de nós...e a gente já notou, só não assume, por que dói,
por que não queremos assumir, por que no fundo pra gente o fim só existe quando acaba o amor,
e o amor não acabou.