terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Sétimo dia

E agora eu  não tremo com medo do futuro...
Eu não decifro cheiros, eu não sinto gostos, não vejo nada além da longa estrada. Apenas ando, ando, ando, e me dá até certa tristeza não saber onde esse caminho tão longo vai dar.
Está tudo tão silencioso que quase consigo ouvir meu coração junto com o tic tac do relógio. Sim, ouço isso: coração e relógio. Talvez numa tentativa inútil do inconsciente que faz com que de algum modo os dois juntos tenham algum sentido... Mas não tem.
Aqui deixo escorrer muito de mim, escorre aos litros... Tudo não, porque ainda assim, ainda assim seria pouco, pouco do que posso dar, pouco do que posso ser, pouco do que quero ser, pouco do que quero sentir, pouco do posso viver, pouco do que quero amar...
Fecho os olhos pra deixar fluir o que sinto, mas não o conseguirei nunca em uma única folha de papel, talvez nem em todas as folhas de papel do mundo... 

Mas é quando eu fecho os olhos que sinto paz, sinto como nunca tivesse ido, sinto que continuo ali, ali naquele local hermeticamente protegida, naquele lugar de onde nunca deveria ter saído, naquela vida que não era só minha [nunca foi...]
Por que me velei,  era preciso ...mas agora não é mais, não existe nada á sepultar de mim, mas tudo que não me serve acabei de enterrar.