terça-feira, 29 de março de 2011

O Pane

Alerta: se você é do tipo preconceituoso, ou simplesmente homo intolerável, não leia o post á seguir, estará narrando uma crônica gay. Agradeço desde já o respeito dos leitores para com esse espaço livre de preconceitos, julgamentos and democrático, com carinho, Naty.


Ele estava se arrumando, encarou o espelho, estava como sempre bem vestido, quase um ícone da moda, porem... Algo em seu peito doía, estava dilacerado e sua mente indagava uma angustia quase incolor:

- tá, tou belo, tou moderno, tou chique... e tou infeliz!

Pensou, mas não chorou, não queria estragar a leve make.

O telefone tocou amigos de sempre, os mesmo de sempre, os mesmo, só os mesmos!

A verdade era uma só, estava feliz pro mundo, mas seu interior o perturbava, não se sentia satisfeito com seu corpo, com sua mente, consigo mesmo.

Mas a vida segue, e ele seguiu rumo àquela que seria a balada mais incrível de sua vida.

O caminho de ida é sempre divertido, as pessoas riem das bebedeiras, da ressaca moral do dia seguinte, riem um dos outros, riem de sim mesmo e ele, estava lá no meio rindo de tudo também.

- É festa! Vamos ferver o lugar!

Uma amiga gritava!

Naquela noite todos os entorpecentes seriam pouco, alegria de fato por alguns instantes, mas ainda estaria ali dentro do peito a dor incolor, insípida, inodora... Que como água, sem gosto algum, apenas existia.

Chegando ao lugar, deu de cara com um antigo romance:

-hum por que havia acabado mesmo?!

Ele não se lembrava, mas agora via seu antigo romance com outro homem, mais velho, mais maduro, com a carteira mais cheia, afinal os últimos 50 reais, foram pra bancar a balada, os outros tantos mais de 100 o visual.

Os dois se encararam, ele percebia um acréscimo de estima, era como se olhar do outro o quisesse o desejasse, porém o outro estava acompanhado com seu namorado sério, aquele que assumira á todos.

- hum, por que acabou mesmo?!

Ele puxava a memória e então constatou:

- acabou só pra ele, e pra mim... Continuou como tudo na minha vida... Nada termina, começa... Mas não acaba.

A constatação o fez infeliz instantaneamente, mas as cores, luzes, som, gente perfeita, a beleza rica de tudo ali, o entorpecente e os olhares... as indiretas, tudo o fez apenas e simplesmente :

- sorrir!

A caminho de casa, dividiram o mesmo carro, olhavam sem, como á um triangulo, onde um sempre sobra, onde um sempre sofre, e esse um... Era Ele que chega em casa, abalado.

-hum, por que acabou mesmo?!

A pergunta voltava e a resposta era cruel:

- acabou? não... nada acaba ! não quando é comigo.

Ele encarou o espelho, não sabia por onde começar... não podia mais depositar sua felicidade em coisas inacabadas inconcretas, ele precisava de um amor real, mas antes disso precisava realmente se amar...

e ele , sabia disso.
"-Precisa de um secretário?
-mande seu curriculo pra mim!"