sexta-feira, 22 de junho de 2012

Cabelos Vermelhos



Ela procurava não chorar mais nenhuma gota, mas o soluço denunciava a dor do peito, quase ninguém notava, e ela satisfeita por isso saíra do banheiro com a sensação de que merecia realmente um Oscar por disfarçar tão bem, sim, ela tinha uma relação de amor com as 4 paredes do sanitário, era ali onde se refugiava, onde dizia seus palavrões e onde encontrava seus demônios, era ali onde ela era mais pura, mais sincera com seu intimo e então chorava pras paredes escutar.
Mas saia inteira, com sua maquiagem impecável, sem rastros, sem manchas... e ainda conseguia abrir um sorriso meia boca, ou aquele de canto de boca, como quem diz :
- nem doeu!
Ela já estava cansada de achar os dias iguais, as dores de sempre tão iguais, estava farta de sonhar e não conseguir, de planejar e nada dar certo, e o amor, já não era mais sinônimo de alegria.
-Amor? 
é o nome de cada olheira, ruga, unhas descascadas ... 
Já não ficava feliz com feriados, já não amava datas comemorativas
- comemorar o que mesmo?!  perguntava-se vazia e só.
E seu caminho se fazia só, sempre se fez só.
Não queria escutar dos outros, o que sua mente já soprava em seu ouvido, sabia que estava se matando, mas queria ver até onde tudo poderia dar, ela não sabia mentir pra si própria, sabia que estava ferida, sabia que precisava acabar com tudo aquilo, mas também sabia que jamais faria isso, então esperava aquilo acabar com ela...
- que isso me mate logo, já que isso não posso matar !e dane-se tudo isso... afinal tenho cabelos vermelhos agora!
 pensava.